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A reforma de 500 anos permanece atual

Como os princípios da Reforma protestante podem revolucionar o Brasil atual?

No ultimo dia 31 completaram-se 500 anos da Reforma Protestante. Nesta data, cristãos das mais variadas denominações relembraram o legado do monge Martinho Lutero. Aqui na capital, diversas igrejas tiveram programações comemorativas em homenagem à vida e obra dos reformadores e em gratidão a Deus por toda a história do protestantismo.

A reforma protestante não foi apenas religiosa, mas também foi social. O impacto desse movimento trouxe transformações, também, na educação, cultura e na própria formação de muitos países ao redor do mundo. No Brasil, vemos as influências da reforma desde os primórdios de sua colonização, com a chegada dos franceses e dos holandeses.

Segundo dados do IBGE, no ano de 2010, a porcentagem de evangélicos no Brasil já estava na casa dos 22,2%, aumentando de forma surpreendente nos anos seguintes. Em 2014, o Datafolha estimava que esse número já chegava aos 29%. Estatísticas comprovam que, até 2040, evangélicos podem tornar-se maioria no país.

Fonte: Censo IBGE

O legado de Lutero e dos reformadores permanece vivo até os dias de hoje. Desde seu princípio, a Reforma Protestante mostrava seu potencial revolucionário.

COMO TUDO COMEÇOU?

A Igreja Católica vivenciava um período de profunda corrupção moral. Desde a época feudal, pertencer ao clero atraía um elevado status. Igreja e Realeza viviam em uma constante troca de interesses. A disputa em nome do poder havia corrompido a liderança eclesiástica. Entre as paredes dos conventos e os grandes salões das maiores catedrais, corrupção, orgias, segredos e crimes de sangue eram escondidos por debaixo de batinas e crucifixos. Missas realizadas em latim e a posse da Bíblia reservada a clérigos de alto escalão envolveram a população em uma mescla mística entre o sacro e o profano. A partir do século XIV, a Igreja passou a enfrentar uma grande crise com a decadência do sistema feudal. Entre expedições ao Novo Mundo e a venda de indulgências como garantia de salvação, o clero tentava de todas as formas manter-se economicamente estável diante da recessão enfrentada em toda Europa.

Dentro de um convento Agostiniano na Alemanha, o monge e professor Martinho Lutero, durante um de seus estudos bíblicos se depara com o trecho da carta aos Romanos onde está escrito: “O justo viverá por fé”. Essa frase produziu uma indignação no jovem monge, fazendo-o questionar as doutrinas abusivas adotadas pela igreja. Em suas aulas, começou a questionar a venda de indulgências como forma de obter perdão de pecados e o comportamento imoral do clero. A partir de então, Lutero começa a trocar correspondência com clérigos da região atrás de respostas para as suas indagações.

Era um sábado de outono em 31 de outubro de 1517. Após muitas buscas sem respostas satisfatórias, Lutero escreve um documento com 95 propostas de revisão de algumas doutrinas da Igreja e as prega na porta da capela de Wittenberg com o objetivo de que os sacerdotes pudessem lê-la e dar-lhe alguma resposta. Pelos costumes da época, esse ato de Lutero em si não tinha nada de revolucionário. Pregar cartas, avisos e outros documentos nas portas das igrejas era algo extremamente comum e servia como um eficaz meio de comunicação. Entretanto, com o passar do tempo, as 95 teses de Lutero se tornaram o marco de uma poderosa revolução.

As 95 teses na porta da catedral de Wittenberg foi apenas o eclodir do movimento reformador. Desde o século XIV, John Wycliffe já dava início às ideias de reforma religiosa a partir de seu projeto de tradução da Bíblia para o Inglês. Jan Hus, um dos seguidores das propostas de Wycliffe e vítima da inquisição, morreu declarando seus ideais de que todo cristão era um sacerdote. As declarações desses homens foram decisivas para preparar o terreno para o que viria a acontecer alguns séculos depois.

Após Lutero, diversos outros reformadores levantaram-se propondo mudanças religiosas e sociais durante sua época. Homens como João Calvino, John Knoxx, Irlich Zwinglio e tantos outros produziram grande impacto na sua geração, deixando para nós o convite de produzirmos uma nova reforma no nosso tempo.

Martinho Lutero publicando as 95 teses na capela de Wittenberg

UMA NOVA REFORMA?

O Brasil tem vivido tempos difíceis nos últimos anos. Escândalos de corrupção, crises financeiras, crescimento da violência e tantas outras questões nos mostram que precisamos não apenas de uma reforma religiosa, mas uma reforma social. Entre os 86,8% de pessoas que se declaram cristãs no Brasil (entre católicos e evangélicos), grande parte são jovens entre 16 e 24 anos, e é nessa juventude que, acreditam as pesquisas, está a força para a mudança no país.

Jovens nas manifestações contra a reforma trabalhista

Dentro dos mais variados seguimentos cristãos no Brasil, pastores e grupos de jovens têm passado a abordar as questões sociais da nação com maior frequência, conscientizando os fiéis sobre a importância de uma transformação social urgente. Reuniões de oração unem membros de congregações diversas em um clamor para que essa nova reforma venha em breve. Pastores e líderes religiosos influentes no país, constantemente convocam seus seguidores nas redes sociais, a unirem-se em correntes de oração pela situação atual do Brasil.

Momento de oração pelo Brasil em reunião da

Igreja Batista da Lagoinha, de Belo Horizonte

Entrevistamos alguns jovens para saber como eles enxergam a possibilidade e a execução de uma nova reforma social no Brasil. Algumas dos relatos obtidos estão transcritos abaixo:

“A reforma protestante deu as pessoas acesso a palavra de Deus. Creio que para uma nova reforma, precisamos ver os erros que são persistentes, na igreja e na sociedade, e expurga-los de lá.”

Lucas, 16 anos

“Creio que sim, é possível haver uma reforma social no Brasil. Mas, para isso, precisamos sair do discurso e partir para a prática. Os jovens precisam começar a ter uma visão crítica sobre as questões nacionais e denunciar os problemas existentes; essa visão crítica só pode vir a partir de uma reforma educacional. É preciso, também, que haja uma mudança política, precisamos ter representantes dispostos a mudar a realidade brasileira.”

Carol, 18 anos

“É notória a necessidade de uma reforma no Brasil. Vejamos quanto tempo temos perdido por falta de valores e princípios, que ao longo do tempo foram esquecidos ou corrompidos. A grande necessidade de idealizadores éticos e honestos são com certeza o princípio para uma reforma social no Brasil. Políticos honestos, homens e mulheres que irão se posicionar e dizer não para o que é errado e fazer ao máximo o que é correto”

Felipe, 27 anos

Assim como na época de Lutero, muitas vezes, a única maneira de resolver os problemas sociais é a partir da revolução. Para que venha a mudança, precisamos remover aquilo que está incoerente. Que venha uma nova reforma sobre o Brasil.


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